A arte de azulejar e a sua difusão na península ibérica
A arte do azulejo foi largamente difundida pelos povos islâmicos. Os árabes introduziram-na na Península Ibérica. Transmitida aos portugueses pelos hispano-mouriscos, utilizada pelos europeus, a arte de azulejar, em Portugal, ganha uma singular e prodigiosa aventura.
Mas enquanto as decorações murais muçulmanas se caracterizavam pela repetição dum só tema, em jeito de monótona musicalidade reflectida nos arabescos, o azulejo, em Espanha, persistiu nas anacrónicas formas tradicionais e os revestimentos azulejares holandeses não ultrapassaram a finura no desenho, antes porém, imitaram os trabalhos dos grandes mestres.
O património artístico e urbanístico português é um dos mais representativos desta arte decorativa. É a graça, a fantasia, são as ilusões de volumes, os aproveitamentos arquitectónicos sabiamente calculados, a síntese original das inspirações, é o ritmo, a adaptação e a actualidade que produzem, ao olhar atento, um gosto de acompanhar a viagem histórica do azulejo.
A nossa predilecção pelo azulejo vem pois da cor e do brilho do esmalte do ladrilho. Vem da gracilidade acolhedora dos silhares das escadarias e salões, das cenas de costumes, da vida, dos trabalhos que criam ambientes convidativos. Mas o interesse dos azulejos está também no constante significado evolutivo das formas ornamentais e na propriedade da cor.
O azulejo é uma das manifestações em que se recria o gosto popular da nossa arte a par de outras expressões como o tapete de Arraiolos, as nomeadas colchas de Castelo Branco, os presépios dos barristas. A permanência desta arte vem desde quando Portugal começou a traçar rotas marítimas à volta de África, Índias, China, Japão, dando “novos mundos ao mundo”.
Pelas rotas da Madeira, dos Açores e do Brasil também navegaram os azulejos que facilmente casavam com outras artes decorativas, quer com a sumptuosa talha dourada e do mobiliário, quer ainda com o talhe e finura dos gradeamentos de ferro.
Do livro "Notas sobre o azulejo no distrito de Vila Real", de Joaquim Barros Ferreira, Vila Real, 1999
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